domingo, 29 de novembro de 2009

Ensaiando despedidas...

... Mais um presente da nossa amiga Telma!

Canção Pra Você Viver Mais
- Pato Fu -

Nunca pensei um dia chegar
E te ouvir dizer:
Não é por mal
Mas vou te fazer chorar
Hoje vou te fazer chorar

Não tenho muito tempo
Tenho medo de ser um só
Tenho medo de ser só um
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar
Alguém pra se lembrar

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais
Faz um tempo que eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais

Deixei que tudo desaparecesse
E perto do fim
Não pude mais encontrar
O amor ainda estava lá
O amor ainda estava lá

Faz um tempo eu quis
Fazer uma canção
Pra você viver mais...

Origens do Medo da Morte - Parte IV

A Dimensão Emocional

A dimensão emocional, segundo estágio do nosso desenvolvimento, vai dos 6 meses aos 6 anos de idade. A vivência básica desta fase é a experimentação dos sentimentos e das emoções. A criança passa a reconhecer pai e mãe, a responder de forma emocional aos estímulos externos e passa a aceitar ou rejeitar circunstâncias em função do princípio do prazer e da dor. (FREUD, 1976). O propósito desta fase é relacionar-se. É nesta fase que a criança amplia o processo de relacionamento, tão importante para o desenvolvimento do Ser, tornando-nos capazes de partilhar informações, sentimentos e sensações. A necessidade básica da criança é de ser amada e, aos poucos, com este aprendizado, surge a necessidade de também amar. As experiências de amor, distorcidas ou não, que experimentamos nesta fase serão determinantes para nossa crença do que é o amor. (PIERRAKOS, 1990). A depender da crença que formamos, reconheceremos o amor ou não. Habitualmente crescemos aprendendo um amor totalmente condicional, amo você se..., amo você se você se comportar, se não chorar, se não fizer mal-criação; e desta forma ficamos todo o tempo tentando comprar, vender, trocar ou barganhar amor. O medo básico desta fase é do abandono e da rejeição. Por melhor, mais atenciosos e carinhosos que tenham sido nossos pais, todos nós, em algum momento desta fase, conhecemos a rejeição e o abandono. Dependendo do grau de abandono, rejeição e suas circunstâncias, temos duas formas de concluir esta fase: em uma conclusão positiva, quando da integração, permissão e expressão dos sentimentos, o resultado será o amor-próprio, auto-estima, a habilidade de dizer não e de suportar a frustração; caso contrário, ocorre a auto-desqualificação. São registrados vários mecanismos de defesa para suportar a "morte emocional", tais como repressão, negação, introjeção e projeção, entre outros. (CREMA, 1985). Registram-se, então, congelamentos responsáveis pelos bloqueios emocionais, que irão gerar nas estratégias de caráter as questões duais que representarão nosso maior impedimento e, paradoxalmente, a ponte para a nossa realização pessoal. (BRENNAN, 1987).
(autores: Celso Fortes de Almeida e Maria Fernanda C. Nascimento)

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mar Azul

Gente,
Este Oceano está mesmo um mar de poesia ultimamente!!!
Olhem o que a Telma me mandou ontem!


Depois prometo que voltamos a falar de "coisas sérias"... Sou suspeita, mas acho que poesia é assunto muito sério!
Abraços,
Valeria

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Encontros e Despedidas

Milton Nascimento

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Partes de um quebra-cabeça

Recebi hoje esta linda mensagem de nossa amiga Telma:

"Olá.


Eu quero ouvir você falar do mundo, da vida, alimentar-me do seu pensamento.
Sentar-me ao seu lado e me encher dos seus olhos, me alegrar com seu sorriso.
É que você é o complemento.



Do poema Partes de um quebra-cabeça do Livro Depois do Silêncio, de Heliana Mara Soares
Inspirada em uma mensagem pessoal da Regina Lima, envio o poema para Você que faz parte deste Grupo.
Até quarta-feira.
Abraço,
Telma"

Vôo Livre


Ser livre é aprender a voar... às vezes em bando, às vezes aos pares. É se preparar para o grande e último vôo... aquele que a gente só pode fazer sozinho.


domingo, 8 de novembro de 2009

Origens do Medo da Morte - Parte III

A Evolução do Desenvolvimento Humano nas Quatro Dimensões

A morte se revela a nós a todo instante e em todas as circunstâncias, pois o seu registro está em nossas células, em nossas emoções, em nosso racional. "Nós podemos até retardá-la, mas não podemos escapar dela". (KÜBLER-ROSS, 1975). As quatro dimensões da totalidade do ser humano se desenvolverão na seguinte ordem: física, emocional, mental e espiritual. Estas dimensões estão interligadas no processo contínuo de nosso desenvolvimento e, claro, consideremos didática a rigidez de sua cronologia. Quanto mais abrangente for o nosso auto-conhecimento, mais ampliaremos nossa consciência (WILBER, 1977), tendendo a permanecer em nosso centro: único lugar de onde teremos a chance de responder de forma inteira às solicitações que o viver nos traz no nosso dia a dia. (WALSH, 1980). Este ponto, além do cérebro e além do ego, nos dá a oportunidade de cruzar o medo da morte, alcançando a sua aceitação e vivendo em plenitude a vida.

A Dimensão Física
A dimensão física começa na concepção e vai até os 6 meses de idade, período em que todo o registro é sensorial. Qualquer sensação que ameace a vida física é percebida como uma ameaça de morte (GROF, 1988) e como neste estágio o desenvolvimento do nosso sistema nervoso não está de todo formado (ESBÉRARD, 1980) esse medo é registrado na memória celular e não elaborável intelectualmente. É o medo visceral e irracional da morte escrito em nós. O propósito básico ou seja o objetivo principal desta fase é crescer com saúde e segurança. Esta segurança é necessária para que a criança possa contatar, conhecer e se expressar neste plano dual. A necessidade básica desta fase é a sobrevivência. É nesta fase que iremos observar os reflexos instintivos e automáticos de auto-preservação como a reação do choro quando sentimos fome. O medo básico desta fase é o de danos que causem ameaça à vida física. Toda experiência sensorial que seja percebida como ameaçadora é registrada como uma experiência de morte. Fechando esta fase do desenvolvimento e inseridos em uma dimensão dual, temos duas maneiras de concluí-la: positivamente, quando integramos as experiências traumáticas peri-natais e ameaçadoras da vida física, adequando-as à realidade subseqüente, tornamo-nos seguros; negativamente, quando congelamos estas experiências, transformando-as em imagens que se repetirão num continuum na realidade subseqüente, tornamo-nos inseguros e instáveis. (PIERRAKOS, 1990). As experiências peri-natais são, em geral, traumáticas, ameaçam todo sistema de vida do bebê e, por si só, bastam para registrar a nível celular o medo da morte e suas implicações no inconsciente. O bebê vem de um sistema ideal de sobrevida e nutrição e, já ao nascer, é necessário que lute pelo ar inspirado para sobreviver. (GROF, 1988). Somando-se a isto as experiências físicas que ameaçam sua sobrevivência, o bebê experimentará grandes traumas a partir da unidade simbiótica original com o organismo materno e a partir de suas próprias experimentações.
(autores: Celso Fortes de Almeida e Maria Fernanda C. Nascimento)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Palestra sobre Câncer de Mama

CÂNCER DE MAMA: MITOS, VERDADES E PORQUÊS
Fóruns CLAUDIA Pela Mulher Brasileira
http://claudia.abril.com.br/foruns-claudia/forum-cancer-de-mama-rj.shtml

A doença cresce no Brasil, mas, em 95% dos casos, o diagnóstico precoce garante a cura. Informação correta e mamografia são os maiores aliados na prevenção. Participe do evento que será realizado no Rio de Janeiro

DATA:
4 de novembro, às 18h30

LOCAL:
CENTRO EMPRESARIAL MOURISCO
Praia do Botafogo, 501, Rio de Janeiro, RJ

INSCREVA-SE JÁ!
VAGAS LIMITADAS.

R.S.V.P.: (21) 3005-9557 ou
forumclaudia@eventar.com.br

Inscrições por telefone poderão ser realizadas apenas no período de 26/10 a 4/11 (dias úteis, horário comercial)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dualidade e Apego na visão da Psicologia Budista

Espero que este precioso texto do Mestre Zen Tokuda Roshi possa nos eclarecer um pouco mais sobre as questões de Dualidade e Apego, levantadas na Parte II do texto Origens do Medo da Morte, postada anteriormente.
Aquele Abraço,
Valeria


Psicologia Budista
(Tokuda Roshi)
[...]Na verdade não existe uma Psicologia Budista, mas sim um estudo especial, que nós podemos considerar como se fosse uma Psicologia, a isto chamamos em japonês Yuishiki e em sânscrito Vijna Matravada.
Praticantes Zen com muita experiência de meditação chegaram à conclusão de que este mundo é visto através de uma consciência que abrange um ponto de vista totalmente diferente. O Yuishiki é estudado através da prática da meditação e sempre junto com a prática da meditação.
Essa teoria diz que todo este mundo é consciência e, para entendê-la, são necessários vários anos de treinamento e pesquisa. O Budismo não tem dogmas, baseia-se em algumas teorias fundamentais. A primeira delas diz respeito às características da existência. Que são em número de quatro.
A primeira característica é Anikka, que, em sânscrito, significa impermanência. Todas as coisas deste mundo estão em constante mutação, tudo se transforma. Entretanto as pessoas estão querendo segurá-las pelo apego, mas nunca conseguirão, por isso o Zen diz que a vida comum é sofrimento. A segunda característica da existência é o sofrimento proveniente do apego. Em sânscrito, esta segunda característica se chama Dukkha. Toda a impermanência é insatisfação e dor, a dor é proveniente do apego que produz o sofrimento. Assim, nós podemos saber a terceira característica da existência, que é Anatman. Não há nada de permanente, é o que significa Anatman. Atman é o ego. Anatman é a negação do ego. Não existe ego, tudo é sem um ego permanente e nada tem identidade. Não se pode chamar eu, meu ou minha. Não somente as coisas todas não pertencem a você, mas o teu corpo também não pertence a você. A quarta característica da existência é, portanto, Nirvana. Existe um estado de extinção da dor, e existe uma paz que o mundo não pode dar nem tirar. Exatamente quando se chega a este estado de não-ego, não há nada para segurar, para pedir, é o vazio e com isto nós podemos encontrar tranqüilidade ou paz. Estas são as Quatro Características da Existência, mas seres humanos muitas vezes não entendem essa teoria e continuam ano após ano apegados às coisas não se dando conta que não podem possuí-las para sempre e sofrem com isso.
Falaremos agora de outra teoria Budista fundamental. Esta teoria é considerada como o primeiro sermão do Buda depois de seu iluminamento. Quando ele estava analisando sua experiência do iluminamento, a primeira coisa que descobriu foi esta teoria, também chamada de As Quatro Nobres Verdades, a qual diz o seguinte: toda existência é dor; toda dor provém do apego, da ignorância; existe uma maneira de se extinguirem o apego e a ignorância e essa maneira é a prática do Caminho.
Toda a existência é dor, sofrimento - Dukkha. No Budismo, os quatro sofrimentos principais são nascimento, velhice, doença e morte, porque todas as fases da existência humana encaradas sem sabedoria são sofrimento. Viver neste mundo é sofrimento, é adoecer e morrer. Existem também os sofrimentos secundários: primeiro, aquele proveniente da separação daqueles a quem amamos; em segundo lugar, o proveniente do encontro com aqueles a quem odiamos; em terceiro lugar, não conseguir alcançar aquilo que se deseja; finalmente, não se conseguir ficar longe daquilo que se odeia.[...]
Qual é pois a origem do sofrimento? É o apego e a ignorância. Como é que se pode acabar com o sofrimento? Acabando com o desejo ou apego, pode-se chegar ao Nirvana. O Nirvana é o Caminho para atingir a extinção do sofrimento, é como o método do médico diante do doente. O médico pergunta: "Qual é o problema? Dor de cabeça, dor de estômago. Por que foi surgir esta dor? Estava muito tenso, ou estava muito nervoso?" Descobrindo a origem do mal, então se receita o remédio, e é o remédio que cura. É sobre este método de médico que estamos falando aqui.
Qual é o Caminho para extinção do sofrimento? O Caminho para extinção do sofrimento é o Óctuplo Caminho, que são: Compreensão Correta, Pensamento Correto, Palavra Correta, Ação Correta, Vida Correta, Esforço Correto, Atenção Correta e Concentração Correta. Se nós formos capazes de viver neste mundo com o Óctuplo Caminho, nós nos desvinculamos do sofrimento.
O Budismo tem uma outra teoria um pouco mais complexa, que é a teoria dos Doze Nidanas. A teoria dos Doze Nidanas é mais ou menos a seguinte: por que é que existe o envelhecimento, decadência e morte? Por que tudo isto é sofrimento? Por que foi que nascemos? Por que existimos? Essa teoria diz o seguinte: o que existe? Tato, sensação, percepção, todas aquelas funções da consciência. Por quê? Por que possuímos mente? Porque temos apego. Prosseguindo nesta cadeia de causas, quando se chega na última, essa teoria diz que tudo é ignorância. Ignorância não tem luz, ou seja, é ausência de sabedoria. Não vemos as coisas claramente, como elas são realmente, isto é a ignorância. Partindo agora do contrário, se não houver ignorância, se se conseguir sabedoria, não há a corrente de causas, e se não tem isto então não tem aquilo, assim vem o não ter nascimento e por isto os Budistas descobriram que o fundo da nossa existência, o fundo do nosso sofrimento é a ignorância.
Nós precisamos estudar a raiz do problema que é a ignorância. Esta pesquisa de Yuishiki, (Vijna Matravada) é estudar a ignorância, através da prática da meditação. [...]
Geralmente a pessoa pensa: eu estou aqui e estou vendo montanhas, mas os Budistas vêem que no fundo isto é uma coisa só, não há uma parte que fica com a substância eu e uma outra parte separada como uma coisa, um objeto: montanha. Em Alaya Vijnana a pessoa se vê como se estivesse existindo fora de si mesma, então, todas as existências fora de si próprias não estão separadas de si próprio. Isso pode assustar. O que seria neste caso a Ciência? Ela estuda os materiais para descobrir a realidade.[...] Do ponto de vista Budista, os seres humanos, nós e a natureza, não somos duas coisas separadas e contrárias. Fora da nossa consciência não existem montanhas ou natureza, no fundo é uma coisa só.[...]
Na vida cotidiana nós estamos dentro deste mundo, mas os Budistas de Yuishiki colocam isto como sendo uma falsa discriminação ou uma discriminação ilusória, porque a nossa função de percepção está toda limitada,[...]. Através da sabedoria correta podemos ver as verdadeiras formas das coisas sem as distorcer, mas essa percepção não é uma coisa externa e sim uma coisa do mundo do Dharma.[...]
O Budismo chegou à conclusão de que tudo é vazio, mas os cientistas não podem aceitar o vazio. O vazio é o zero. Multiplique o zero cem mil vezes, mas ainda continua sendo zero. A Ciência hoje é isto, para criar algo tem que ter 1, 2, 3, somente assim pode-se criar. A química pode criar a vida através das proteínas, pode criar uma vida primitiva, mas sempre a partir das coisas que já existem. Entretanto o nada é sempre nada, o vazio é sempre vazio.
O Budismo é o vazio total, dentro do vazio aparecem as existências maravilhosas. Este mundo é exatamente isso, tudo é vazio, só se vê o vazio, as coisas existem, mas não têm identidade. As coisas se formam provisoriamente com a união dos elementos, mas estão mudando totalmen-te. Isto era árvore, agora é madeira, amanhã mesa e depois pode queimar ou apodrecer.

Origens do Medo da Morte - Parte II

Dualidade e Apego

A história do desenvolvimento humano se dá em quatro dimensões: física, emocional, intelectual e espiritual (KÜBLER-ROSS, 1983 e 1995). É no desenvolvimento destas dimensões que se forma o medo visceral e irracional da morte. Pela intenção e pelo desejo nascemos para esta realidade. (PIERRAKOS, 1990). Para entrar nesta dimensão dual a alma precisa se apegar ao corpo, o que nos traz já duas grandes realidades com as quais brigaremos grande parte de nossa existência: a dualidade e o apego. (JOHNSON, 1996). A dualidade se nos apresenta pelos opostos. Conhecemos o salgado e o doce, o quente e o frio, o amor e o medo, a dor e o prazer, corpo e alma, natureza e consciência, o bem e o mal... A espécie humana é expressão de uma divisão em duas partes, anteriores ao nascimento, que se manifesta em muitas formas. A relação dupla da criança a um só tempo com o pai e a mãe é o símbolo dessa divisão. Características masculinas e femininas, oriundas desta relação, se alternarão em nossos comportamentos e relacionamentos todo tempo. Para solucionar este conflito projetamos e transferimos nossa dualidade primária, experienciada nos relacionamentos parentais em praticamente todas as nossas atitudes. A depender da cultura na qual estamos inseridos, atribuiremos a determinados valores o positivo e o negativo. Nesta nossa abordagem, o positivo e o negativo da conclusão de cada uma das fases do desenvolvimento não estão relacionados a bom ou ruim mas sim ao resultado de uma vivência adequada ou inadequada do indivíduo na sociedade. (JOHNSON, 1996). Quando escolhemos uma das polaridades de qualquer de nossas dualidades, internamente tentamos matar a outra e assim negamos parte de nós que, por não morrer e ter a necessidade de ser ouvida e vista, fica minando nossas intenções na tentativa de ser ouvida e vista e conseqüentemente fica dando-nos experiências cada vez mais sofridas e dolorosas obrigando-nos a vê-la. Em casos extremos, estas experiências podem até nos levar à morte física. Fugimos destas nossas mortes diárias pelo medo visceral da morte física, o que nos impede de viver nossa vida no momento presente. (MAY, 1988). Apenas quando nos tornamos conscientes de nossas transferências e projeções podemos escolher fazer a entrega para efetuar a transformação com a responsabilidade pelo nosso próprio processo e retornar ao Self. (JUNG, 1964). Apenas quando nos tornamos conscientes das nossas pequenas mortes diárias, em todas as suas dimensões, somos capazes de viver em plenitude a felicidade que o cotidiano nos traz e caminhar com segurança para nossa morte física. (KÜBLER-ROSS, 1978, GLACER e STRAUSS, 1965). O apego é a grande causa do sofrimento humano (ALMEIDA, 1995). Sofremos porque perdemos toda e qualquer coisa: sofremos porque perdemos um brinquedo, um carro, uma casa, nossas imagens e ilusões, pessoas queridas... Perdemos, perdemos e perdemos... e sofremos. Entramos aqui num círculo vicioso de perda e dor: por medo da entrega, nos apegamos ao conflito da dualidade, que nos é conhecido, reforçamos o medo, reforçamos o apego, e reforçamos a dualidade... Como aprendemos em nossa cultura, evitamos a dor, evitamos a perda e fugimos da morte, ou pensamos fugir dela, o que nos mantém presos ao círculo. (BROMBERG, 1994 e PIERRAKOS, 1990).
(autores: Celso Fortes de Almeida e Maria Fernanda C. Nascimento)